Procura por cirurgias plásticas aumenta 50% no inverno

Segundo o dr. Hélio Coffler Júnior, que atua em Linhares, temperaturas amenas oferecem mais conforto para o paciente e diminuem as reações inflamatórias

Procura por cirurgias plásticas aumenta 50% no inverno
Para apresentar boa forma no verão e nos demais períodos da vida, e também escapar da alta exposição aos raios solares, muitas pessoas aproveitam a atual estação para passar por uma cirurgia plástica. Segundo a principal entidade do setor - a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) - a procura por estas intervenções médicas aumenta 50% no inverno. 

"De fato, o inverno oferece mais vantagens para o paciente, especialmente no que diz respeito ao pós-operatório”, afirma o dr. Hélio Coffler Júnior, que atua em Linhares e possui 24 anos de experiência em cirurgias plásticas. 

Em entrevista a um jornal de circulação diária de Linhares, o médico cita outras vantagens de passar por este tipo de cirurgia no frio e fala sobre os cuidados que devem ser tomados pelo paciente antes e depois do procedimento.

Que vantagens o clima mais ameno oferece para quem vai passar ou já passou por uma cirurgia plástica? 

O inverno possui vários fatores que favorecem a cirurgia plástica. Com o clima ameno, a reação inflamatória é menor, já que no período quente ocorre uma vasodilatação e a pessoa acaba inchando um pouco mais. Isso sem contar que, com o frio, é possível usar roupas mais largas, que ajudam a esconder as cintas. Além do mais, o inverno acaba sendo um período de preparo para o verão, que é quando as pessoas costumam reservar mais tempo para passar com a família. Mesmo assim, tudo isso não impede o indivíduo de realizar o procedimento em outros momentos do ano, mas quem opta por fazer cirurgia plástica em épocas mais quentes deverá tomar ainda mais cuidados. De fato, o inverno oferece mais vantagens, especialmente no que diz respeito ao pós-operatório.

É verdade que o Brasil é líder em número de cirurgias plásticas?

Antes de 2013, o Brasil ocupava o segundo lugar no ranking de cirurgias plásticas, perdendo apenas para os Estados Unidos. Porém, naquele ano, passamos a ocupar o primeiro lugar, com uma diferença de mais de 100 mil cirurgias em relação ao segundo colocado. Ao todo, foram realizadas 1,3 milhão de cirurgias plásticas em 2013 somente no Brasil. Depois, em 2015, deixamos de ocupar o primeiro lugar novamente. Hoje, são feitas cerca de 1,2 milhão de cirurgias plásticas por ano, enquanto nos Estados Unidos esse total chega a 1,4 milhão. Mesmo assim, o Brasil mantém o segundo posto. E do ponto de vista de qualidade, técnica e resultado, o Brasil acaba ficando um passo à frente. As brasileiras se cuidam mais que as americanas e isso influencia a qualidade do resultado.

Quais são os procedimentos mais procurados?

São os procedimentos de contorno corporal, tais como mamoplastia, lipoaspiração, abdominoplastia, cirurgias de face, entre outras. No topo da lista está a lipoaspiração, seguida pelos procedimentos mamários – tanto implante como redução e suspensão – e a abdominoplastia.

Com base neste top 3 de cirurgias plásticas, podemos afirmar que a maioria dos pacientes é composta por mulheres?

Sim. Mais de 95% dos pacientes são mulheres. Eventualmente fazemos cirurgia em homens, até porque, eles possuem um estilo de vida diferente e se cobram menos. O homem ainda tem certo preconceito com alguns procedimentos.

O que deve ser feito antes da cirurgia?

O primeiro passo é saber discernir a expectativa e o desejo em relação à cirurgia. Para tanto, é preciso ter uma conversa com o cirurgião plástico e assim adequar os planos à realidade do paciente. Se a pessoa consegue compreender sua realidade, a cirurgia será um sucesso. Depois desta avaliação, parte-se para a área clínica, que envolve avaliações bioquímicas e consultas com cardiologistas e anestesistas, para só então passar pelo procedimento da cirurgia.

E o pós-operatório? Qual costuma ser o período de repouso?

O pós-operatório é específico para cada procedimento. O período ideal de cicatrização gira em torno de seis semanas, dependendo da cirurgia. Mas às vezes, a pessoa tem que alinhar sua ocupação do dia a dia com o procedimento que será feito. Por exemplo: não há problema se a paciente fizer uma cirurgia mamária e, na semana seguinte, realizar um procedimento administrativo no trabalho. Mas se ela atua numa profissão que exige esforço físico maior, talvez seja necessário ter um repouso prolongado. Portanto, não existe um prazo específico de pós -operatório. Até porque, hoje, dificilmente uma pessoa dispõe de 30 dias para ficar de repouso em casa. Portanto, é preciso se adequar a cada realidade. Mesmo assim, é importante ressaltar que a recuperação compartilha importância com o procedimento em si. Não se trata apenas de fazer a cirurgia para alcançar determinado resultado, como também observar o pós-operatório, cumprindo as recomendações médicas.

Quais são os principais avanços relacionados à cirurgia plástica? As próteses de silicone, por exemplo, ainda precisam ser trocadas após 10 anos?

Nesta área tudo evoluiu e até temos uma segurança maior em todos os procedimentos. Ainda que a cirurgia plástica seja artesanal (a visão que um cirurgião tem do outro não foge dos princípios cirúrgicos, mas cada um possui o seu toque e visão), temos acesso a novos materiais, especialmente em relação às próteses que, até pouco tempo, eram lisas e compostas por um conteúdo líquido. Tratava-se de um silicone em gel, que poderia infiltrar os tecidos, caso fosse rompida. Por isso, a cada oito ou 10 anos, as próteses precisavam ser trocadas. Hoje, a textura da prótese mudou. Existem as próteses de poliuretano e as texturizadas, que são mais ásperas, aderem melhor ao tecido e diminuem a chance de rejeição.
 
O conteúdo propriamente dito deixou de ser líquido e passou a ser mais denso. Mesmo assim, falar em prótese definitiva é uma "verdade inventada”. Eu não acredito que as próteses sejam definitivas, mas sei que elas possuem uma vida útil mais longa. Logo, a fase de troca está mais associada ao comportamento da prótese do que ao tempo de uso. Se o médico perceber que uma prótese de 20 anos não possui desgaste, ruptura ou sinal de contratura capsular, e a paciente está satisfeita, a troca pode ser ainda mais adiada. Não é necessário fazer a troca com base no fator tempo. O que é preciso fazer é a avaliação regular com o cirurgião plástico ou com o ginecologista.
 
Fonte: Jornal Correio do Estado





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