Leite materno de mulheres vacinadas tem anticorpos para covid, apontam estudos

Mesmo sendo confirmado que os anticorpos protegem o bebê, estudos ainda terão de verificar qual o melhor momento para imunizar as gestantes para garantir a passagem de anticorpos para os bebês

Leite materno de mulheres vacinadas tem anticorpos para covid, apontam estudos

Estudos divulgados nos últimos dias têm apontado que, após imunizadas com vacinas contra a covid-19, mulheres que amamentam produzem leite com anticorpos contra o novo coronavírus. Nos Estados Unidos, já há movimentos de retomar o aleitamento em busca da proteção dos bebês. Embora seja uma notícia positiva, pediatras alertam que as pesquisas ainda não comprovaram se as crianças realmente ganham imunidade e, se sim, quanto tempo isso duraria.

 

No fim de março, foi divulgado estudo com 131 mulheres em idade reprodutiva, entre elas gestantes e lactantes, que receberam as duas doses da vacina da Pfizer/BioNTech ou da Moderna. O monitoramento apontou a presença de anticorpos no sangue do cordão umbilical e no leite materno das participantes.

 

A vacina da Pfizer, que tem taxa de 95% de eficácia, ainda não está sendo aplicada no Brasil, mas o governo fechou contrato para comprar 100 milhões de doses. Desse total, 15,5 milhões estão previstos para chegar ainda neste semestre.

 

Médico pediatra do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Moises Chencinski explica que, entre as recomendações da amamentação, está o fato de que o bebê transmite informações do quadro infeccioso quando está doente, fazendo com que o leite materno comece a passar anticorpos.

"São as imunoglobulinas IgA secretória, que protegem contra infecções digestivas e respiratórias, e a IgG, que dá uma imunidade mais prolongada. O que o estudo mostra é que, depois de seis semanas da vacina, IgA e IgG específicos para Sars-CoV-2, que é o que interessa para quem tomou a vacina, foram encontrados e nenhum evento colateral sério foi relatado."

 

Apesar do achado animador, Chencinski alerta que mais estudos devem ser feitos para avaliar os reais impactos desses anticorpos para os bebês. "Quais são as limitações deste estudo? Ele não permite concluir que o bebê está protegido contra a covid e não se sabe quanto tempo duraria a imunidade. O estudo só mostrou que tem a produção do anticorpo e que ele passa para o leite, mas não quanto o anticorpo passado pelo leite protege o bebê. De forma alguma exime a mãe de se proteger adequadamente. Então, continua tendo de usar máscara, higienizar as mãos e fazer distanciamento social."

 

O pediatra diz que retomar a amamentação, como mães americanas têm feito, pode ter aspectos positivo. O mais importante, porém, seria não interromper o aleitamento materno antes do que é preconizado pelas entidades de saúde, que recomendam amamentação exclusiva até os seis meses e complementada por outros alimentos até dois anos ou mais.





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