“Eu nasci de novo”, diz moradora que venceu a Covid-19 após ficar 14 dias intubada na UTI do HGL

Agora, ela se dedica a recuperar os movimentos que ficaram comprometidos após ficar internada um mês e dez dias.

“Eu nasci de novo”, diz moradora que venceu a Covid-19 após ficar 14 dias intubada na UTI do HGL
"Eu nasci de novo. Sou só gratidão a Deus por ter preparado tudo: os profissionais de saúde por fazerem o impossível por mim e à minha família por me acolher”. É com sentimento de gratidão que Mery Gravina Bassu, 48 anos, conta sua história de superação por ter vencido a Covid-19, após ficar 14 dias intubada no Hospital Geral de Linhares (HGL) em estado gravíssimo. Agora, ela se dedica a recuperar os movimentos que ficaram comprometidos após ficar internada um mês e dez dias.

Mery conta que começou a passar mal, testou positivo, e iniciou com as medicações, mas não teve melhora. "Chegando no HGL me levaram para uma sala de isolamento e à noite fui para a enfermaria. Lembro que estava com máscara para respirar e quando voltei em si já havia se passado 14 dias que estava intubada. Tive problemas nos movimentos, estou me recuperando, fazendo fisioterapia, mas já não uso mais fralda. Conseguia movimentar somente uma mão e na hora do banho era uma tortura. Me deu um leve AVC e também tive como consequência da Covid uma arritmia cardíaca que tenho acompanhando com o cardiologista”, explicou.

Fernando Aché, infectologista coordenador da UTI Covid 01 do HGL, explicou que o caso da Mery era considerado crítico para Medicina. "Precisamos usar sedativos e bloqueadores neuromusculares para deixar o pulmão relaxado o suficiente para conseguir ventilar a paciente. O uso prolongado dessas substâncias e a gravidade do quadro clínico levou à neuropatia do doente crítico e a paciente precisou reaprender a se mexer”, explicou.  

A moradora do bairro Conceição comentou sobre o trabalho incansável de todos os profissionais de saúde. "Confesso que fiquei bem surpresa com o atendimento que recebi, desde os técnicos de enfermagem, enfermeiros, fisioterapeutas, até os médicos. Eles ficam ali 24 horas lutando e cuidando da gente, como se fôssemos da família deles. É muito amor que transmitem pra gente. Não tenho dúvidas que são enviados por Deus, porque aquilo que eles fazem por nós só na nossa humanidade é impossível. Tem o cuidado de Deus. Sou só gratidão”, relatou.

O médico Infectologista define a Mery como uma guerreira. "Tentávamos acordar ela todas as manhãs e estava definido que íamos fazer a traqueostomia nela. Mas, no 14º dia conseguimos tirar ela da máquina de ventilação. Mery foi um doente crítico que conseguimos ter sucesso no tratamento, foi uma guerreira”, frisou.

Mery também destaca que o apoio da família é fundamental nessas horas e faz um apelo às pessoas. "Nessas horas é fundamental o apoio dos familiares, porque o psicológico fica muito difícil e por ter perdido os movimentos no início eu dependia deles pra tudo. Peço que as pessoas, principalmente as que não estão dando a devida importância para os cuidados com essa doença que reflitam sobre suas ações. Falta mais amor ao próximo, consciência e atenção aos sintomas. A Covid mata e pode deixar sequelas gravíssimas aos que conseguem sobreviver”, alertou.

Doutor Fernando ponderou que é lamentável o desrespeito por grande parte da população nesse momento de pandemia. "Estamos vivendo uma escassez de recursos. É descabível que as pessoas não tomem conhecimento da gravidade da situação e isso faz com que não consigamos bloquear ou interromper a cadeia de transmissão do vírus. Isso tudo gera o aumento da quantidade de pessoas que necessitam de atendimento médico hospitalar e estamos com dificuldades para atender a demanda”, pontuou.

Alegria e tristeza: um misto de sentimentos

A assistente social do HGL, Daiana Mattos Delpupo, relatou que a rotina dos funcionários do Hospital Geral de Linhares e das famílias dos pacientes internados é um misto de sentimentos: de momentos de muita alegria, quando os pacientes recebem alta, e de tristeza quando ocorre o óbito.

"Quando ligamos para as famílias dizendo que temos uma ótima notícia é uma alegria só, pois já sentem que algo bom está por vir, como foi o caso da Mery que saiu da UTI e foi direto para casa. Agora, quando avisamos que o médico quer conversar para falar sobre o quadro do paciente, - é o médico quem noticia o óbito -, é um momento de aflição e angústia. É muito triste, também negar o pedido da família de ver o paciente que às vezes fica mais de mês internado, pois temos que seguir os protocolos de segurança”, disse a assistente social, reforçando que a fé e a oração têm mantido a calma para enfrentar esse momento.





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