Curados do Covid-19, amigos de Linhares querem voltar a abraçar e retomar a rotina

Dois amigos de Linhares, que foram diagnosticados com Covid-19, usaram as redes sociais para anunciar a cura da doença. O resultado, que saiu na segunda-feira (30), foi postado para os seguidores do psicólogo Paulo Alberto Ferri, 34 anos. Já o biólogo Francisco Freire, 24, adicionou o termo "ex-Covid-19" à descrição no perfil. Ao todo, o Espírito Santo tem 120 casos confirmados, sendo que 13 são pacientes já curados.

A suspeita é de que Paulo e Francisco tenham contraído o vírus durante uma viagem ao Rio de Janeiro, no final de semana do dia 13 de março. De volta do Espírito Santo, os dois já apresentaram sintomas da doença e foram testados positivos para o novo coronavírus.

Cumprido o período de quarentena determinado pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesa), eles pretendem agora, aos poucos, retornar a rotina, apesar das limitações do isolamento social.

Desde que voltou de viagem, Francisco relatou que não teve mais contato físico com os familiares e já tem planos para quando as recomendações para o isolamento social terminarem:

"Quero estar junto com a minha família. Abraçar é o que eu sinto mais falta e a gente dá mais valor ao abraço. Somos acostumados a estar perto e desde que eu descobri o coronavírus fiz o meu último contato e já fiquei afastado”, relatou o biólogo.

Já Paulo, que desenvolveu sintomas um pouco mais fortes da doença, como tosse seca e dor no tórax, diz que o objetivo dele é ser solidário às pessoas durante o período de quarentena.

"Quero retribuir o carinho que recebi e ser solidário com a população, como fazer compras para quem precisa. Agora, o que mais desejo é voltar à minha vida normal e retomar o atendimento dos meus pacientes”, declarou.

A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de isolamento social foi seguida à risca por Francisco e Paulo desde a confirmação dos testes até a liberação deles pela Secretaria de Saúde, quando o exame mostrou que estavam curados. "Fiquei esse tempo sem ver uma alma penada", brincou Paulo.

Em vídeo, Francisco pede que população siga a quarentena e não minimizem sintomas da covid-19 a uma "gripezinha", em referência a fala do presidente da república Jair Bolsonaro, durante pronunciamento oficial.

Francisco e Paulo viajaram juntos para o Rio de Janeiro no dia 13 de março, quando já havia casos de contaminação comunitária no estado. De volta ao Espírito Santo no domingo (15), os primeiros sintomas foram sentidos pelo psicólogo.

"No domingo a noite, quando já estava em Linhares, comecei a tossir uma tosse estranha, de um jeito que nunca tive na vida, parecia uma intoxicação gasosa. Então, entrei em quarentena em casa e esperei para ver se os sintomas evoluiriam”, revelou o psicólogo Paulo Alberto Ferri. Ele foi o segundo caso confirmado do município.

No dia seguinte, além da tosse, Paulo passou a sentir dor de cabeça. Na terça-feira, a dor no tórax o fez procurar um médico.

"Não foi um desconforto respiratório, mas procurei o médico. A médica ficou em dúvida se fazia o exame para coronavírus ou não e me passou um exame de sangue e uma radiografia, que não apontaram nada. Mas, por causa da minha tosse, ela acionou a vigilância epidemiológica e eles acharam prudente que eu fizesse o exame para o Covid-19”, contou.

O resultado confirmando a doença foi divulgado na sexta-feira (20), quando ele já não sentia mais sintomas da doença.

Já o biólogo Francisco Freire começou a sentir os sintomas do Covid-19 apenas na segunda-feira (16). Nele, o vírus se manifestou de forma mais branda.

"Fiquei com o nariz entupido, não cheguei a ter coriza e nem febre. Eu tive uma dor de cabeça no fundo do olho. Como fiz exame de sangue na semana e as plaquetas estavam baixas, achei que pudesse ser uma dengue”, disse Francisco.

Com a confirmação do caso do amigo, Francisco e o namorado, que fizeram a viagem com Paulo para o Rio de Janeiro, realizaram o teste de Covid-19 no dia seguinte, sábado (21). O resultado saiu na quarta-feira (25). Francisco deu positivo, o do namorado dele, não.

"Foi uma aflição, porque é um vírus bastante poderoso que tem uma contaminação rápida e não precisa de um hospedeiro para transmiti-lo. O coronavírus não pode ser tratado como uma 'gripezinha' e pode fazer o nosso sistema de saúde entrar em colapso", defendeu Francisco.

 

Fonte: G1/ES.