Juliana Sales sabia dos abusos sexuais sofridos pelos filhos, afirma juiz

Na decisão, o juiz relata ainda que Georgeval Alves buscava, em parceria com a esposa, uma ascensão religiosa e aumento expressivo na arrecadação de valores por fieis

Juliana Sales sabia dos abusos sexuais sofridos pelos filhos, afirma juiz
A decisão judicial que determinou a prisão preventiva de Juliana Sales revelou que a mãe dos irmãos mortos em Linhares tinha conhecimento dos abusos sexuais sofridos pelos filhos. Em um documento de quatro páginas, no qual o programa Fala Manhã, apresentado pela jornalista Andressa Missio teve acesso, o juiz André Bijos Dadalto, da 1º Vara Criminal de Linhares, revela que Juliana não tomou qualquer medida para pôr fim aos abusos.

Em um trecho da decisão, diz o juiz. "[...] É possível verificar que a denunciada Juliana tinha conhecimento dos supostos abusos sexuais sofridos pelos seus filhos e vítimas, tanto que em uma conversa entre os acusados [George e Juliana, a vítima Kauã reagiu emocionalmente após ter sofrido "maldades” por parte de dois "caras” na piscina, entretanto, eles [George e Juliana] não tomaram qualquer medida ou providência em relação ao ocorrido".

Ainda na decisão, o magistrado relata que a quebra do sigilo telefônico do casal revelou troca de fotos das crianças feridas. "Outro fato que causa estranheza [...] é que a acusada Juliana tinha conhecimento que os seus filhos, dentre eles as vítimas, eram submetidas à violência física e psicológica, como ela mesmo disse em suas declarações na esfera policial, o que pode ser visto em fotos enviadas entre os acusados das crianças machucadas". 

 

 

Ainda na decisão, o juiz relata que Georgeval Alves era líder da Igreja Ministério Batista Vida e Paz e buscava, em parceria com a esposa, uma ascensão religiosa e aumento expressivo na arrecadação de valores por fieis. Por essa finalidade, segundo a decisão do magistrado, Georgeval ceifou a vida dos menores Kauã e Joaquim para se utilizar da tragédia em seu favor.
 
Defesa
 
A junta de advogados que defende a Pastor Juliana Salles enviou Nota a imprensa onde destaca que Juliana não se encontrava foragida ou escondida, uma vez que a mesma sequer era investigada ou tida como suspeita da morte dos filhos, conforme concluiu a própria investigação da Polícia Civil de Linhares. "A Pastora Juliana estava em Teófilo Otoni para acompanhamento médico psiquiátrico em virtude dos fatos ocorridos, uma vez que vinha sendo ameaçada de morte na cidade de Linhares. Na cidade de Teófilo Otoni, a mesma também estava sendo acompanhada por seus pastores e sendo cuidada por eles, inclusive frequentando cultos, o que afasta qualquer versão de que a mesma tivesse o animus de se esconder ”, finaliza a Nota.

Prisão

O mandado de prisão por homicídio qualificado foi expedido na última segunda-feira (18), pelo juiz André Bijos Dadalto, da 1ª Vara Criminal de Linhares, e foi cumprido pela Polícia Civil de Minas.

De acordo a Polícia Civil do estado vizinho, Juliana Salles estava na casa de um pastor no momento da prisão, no bairro São Francisco, em Teófilo Otoni. O município é o mesmo em que Juliana Sales participou de um congresso no dia 21 de abril, data em que ocorreu o incêndio na residência onde morava com o esposo, Georgeval Alves, e os filhos.

Denúncia

A Justiça do Espírito Santo recebeu, na última segunda-feira (18), a denúncia feita pelo Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça de Linhares, contra Georgeval Alves e Juliana Sales. O MPES também pediu a prisão preventiva deles, por prazo indeterminado, pelos crimes de duplo homicídio, estupros de vulneráveis e fraude processual. Georgeval responderá ainda pelo crime de torturas.

Juliana é mãe de Joaquim e Kauã, mortos carbonizados em um incêndio na residência onde moravam, em Linhares, no dia 21 de abril deste ano. Georgeval é suspeito de molestar, agredir e atear fogo nos meninos, segundo o inquérito policial. Ele foi preso dias depois da tragédia.

Na última segunda-feira (18), Georgeval teve a prisão temporária revertida em preventiva, no mesmo mandado que decretou a prisão da esposa, Juliana Sales. Ela foi detida na madrugada desta quarta-feira (20), no município de Teófilo Otoni, em Minas Gerais.

De acordo com o mandado de prisão expedido pelo juiz André Bijos Dadalto, da 1ª Vara Criminal de Linhares, ambos foram presos por homicídio qualificado. O advogado criminalista Rivelino Amaral disse que, com base no mandado, o Ministério Publico percebeu indícios de uma possível participação de Juliana Salles na morte dos filhos. Inicialmente, a Polícia Civil do Espírito Santo descartou qualquer participação de Juliana no caso. 

O caso

A Polícia Civil concluiu que o pastor Georgeval Alves, marido de Juliana, matou o filho Joaquim, de 3 anos, e o enteado Kauã, de 6 anos. De acordo com as investigações, as crianças foram estupradas, agredidas e queimadas vivas. Georgeval está preso no CDP de Viana II. 
 
Fonte: Folha Vitória | Fotos: TV Leste/Record Minas Gerais.

 





COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA