Reserva de Sooretama registra 18 atropelamentos de animais silvestres na BR 101 em junho

As mortes foram registradas no raio de 5 quilômetros que corta a Reserva

Reserva de Sooretama registra 18 atropelamentos de animais silvestres na BR 101 em junho
A Reserva Biológica de Sooretama – ICMBio realizou mais uma campanha de sensibilização ambiental para alertar motoristas e usuários da BR-101 sobre as frequentes mortes de animais silvestres por atropelamento na rodovia. No mês de junho foram registrados 18 atropelamentos que resultaram na morte dos animais apenas no trecho de cinco quilômetros que corta a reserva. O número é menor do que os registrados nos cinco primeiros meses de 2014: 77 mortes em janeiro, 56 em fevereiro, 67 em março, 25 em abril e 31 em maio. 

Mas as estatísticas comprovam que a morte de animais silvestres por atropelamentos representam um dos maiores entraves para a conservação das espécies silvestres no estado do Espírito Santo em decorrência da intensa circulação de veículos nas proximidades das áreas naturais preservadas, que servem de refúgio e manutenção da cadeia alimentar. Entre os 18 atropelamentos registrados, dois foram de espécies em extinção. Nas proximidades da Reserva morreu um felino popularmente chamado de jaguatirica - Leopardus SP - no km 93; e uma anta macho adulto com mais de 200 quilos - Tapirus terrestris - no km 119.

De acordo com Valdir Martins dos Santos, Analista Ambiental da Reserva Biológica de Sooretama – ICMBio,  a foi criada com o objetivo de proteger a biodiversidade da Mata Atlântica da região centro leste do Espírito Santo. Posteriormente outras áreas naturais foram mantidas no seu entorno como a Reserva Natural VALE, RPPN Mutum Preto e Recanto das Antas da FIBRIA Papel e Celulose, além de outras áreas particulares florestadas de propriedade das famílias Marianeli e Caliman, que juntas, somam aproximadamente 50.000 hectares de floresta nativa e ainda oferecem condições para a sobrevivência de animais silvestres de grande porte como onças, antas, tatu-canastra e da ave gavião real.

"Os esforços para a conservação da vida nesses ambientes é uma tarefa permanente das entidades responsáveis pela gestão dessas áreas, entretanto a vida silvestre desconhece os limites geográficos estabelecidos pelo homem e, movidos pelo instinto da sobrevivência, se deslocam por áreas de ocupação humana onde frequentemente ocorrem mortes por atropelamentos”, explica Valdir.

Além das mortes de animais silvestres registrados mensalmente no trecho da rodovia BR 101, de acordo com Valdir é muito comum o atropelamento de animais nas estradas adjacentes à Unidade de Conservação, pois a rodovia tangencia o fragmento de Mata Atlântica num trecho aproximado de 20 quilômetros, onde, segundo ele, deveriam ser instalados diferentes recursos para proteção da fauna como passagens e placas de sinalização, para alertar os usuários sobre a iminência da travessia de animais silvestres sobre a pista de rolamento.
 
"Considerando que restam apenas 8 a 9% da Mata Atlântica preservada no estado do Espírito Santo, sendo a maior parte representada por áreas que compõe as Unidades de Conservação, é inadmissível que a sociedade continue exterminando sua fauna pelo excesso de velocidade nas estradas que cortam as áreas naturais protegidas e que servem como habitat dos animais silvestres”, avalia.

O analista ambiental que em tempo de Copa do Mundo os comerciais mostram criancinhas se manifestando na televisão que nunca viram o Brasil ser campeão. Ele questiona: "não seria o momento das pessoas adultas se perguntarem a quanto tempo não veem um mutum-do-sudeste, tatu-canastra, arara, jacutinga, irara, bugio, gavião-real, onça pintada, jaguatirica, anta, macuco e muitos outros circulando livremente na natureza”?

Nota: as fotos são do resgate dos animais atropelados no mês de junho, divulgados pela ICMBio.





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