Publicitário formado em Linhares está entre finalistas para produzir documentário na Alemanha

A família ficou emocionado com a conquista. Filho de mãe solteira, negro, morador do interior. Para Ramon, isso tudo o desmotivou durante muito tempo, mas ele conseguiu superar todos os desafios

Publicitário formado em Linhares está entre finalistas para produzir documentário na Alemanha

Com muita ansiedade. É assim que o estudante de jornalismo, Ramon luz, 25 anos, está vivendo desde quando recebeu a notícia de que o projeto que ele desenvolveu foi aprovado na Fundação Alexander Von Humboldt, na Alemanha. O estudante e também publicitário vai representar pela primeira vez o Espírito Santo nesse processo seletivo. Ele viajou para a cidade de Bonn, na Alemanha no último sábado (22), onde ocorrerá a etapa final do processo de seleção. Se aprovado, Ramon vai ganhar uma bolsa de estudos de um ano e meio para desenvolver o projeto sobre refugiados.

Ramon Luz nasceu em Montanha, mas com 16 anos deixou o município para fazer o primeiro curso superior, em Linhares. No início de 2017, Ramon veio morar em Vitória para cursar jornalismo. O publicitário foi selecionado em meio a centenas de projetos e está entre os finalistas brasileiros para ganhar a bolsa. Participam dessa seleção Brasil, Rússia, China, Estados Unidos e índia. De cada País são selecionados dez projetos. O montanhense não esconde a felicidade de estar entre os 15 finalistas brasileiros. Segundo Ramon, é um sonho representar a cidade e o Estado, na Alemanha.

"Eu estou muito eletrizado, estou com dificuldade de trabalhar, dificuldade de comer, de dormir. É uma coisa muito importante para mim. Na verdade, eu me sinto muito privilegiado, responsável porque estou abrindo portas para várias outras pessoas. Depois disso, quero voltar para minha cidade e treinar e inspirar jovens a realizar os sonhos", frisou o Publicitário. A família do jovem ficou emocionada com a conquista do estudante. Para Ramon, ser filho de mãe solteira, negro, morador do interior eram agravantes que durante muito tempo o desmotivaram a lutar pelo sonhos.

"Eu sou filho de mãe solteira. Isso é um agravante no caminho todo. Para diminuir a ideia que eu fiz de mim mesmo, de onde eu poderia chegar, isso inferioriza. A gente cresce pensando assim:' eu sou negro, não vou conseguir. Eu sou pobre não vou conseguir, eu sou de Montanha, não vou conseguir. Minha mãe é solteira, ela não vai ter condições de pagar, eu não vou conseguir. Isso foram coisas que eu tive que derrubar para acreditar em mim. Eu me sinto muito privilegiado", disse Ramon Luz.

A pressão que ele mesmo lhe impôs o impediu, e impede muitos jovens de tornar os sonhos realidade. O estudante nunca imaginou que poderia um dia defender um projeto de âmbito internacional. "Na minha época de ensino médio existia no meu imaginário uma negação para conseguir estar numa Universidade Federal, todo mundo achava que era um lugar inatingível. Estar onde estou agora é muito forte, muito novo. Não caiu a ficha ainda. E eu sei que isso serve como motivação para as pessoas que estão lá e que ainda não acreditam no potencial delas. Elas têm que acreditar nos sonhos e saber que é possível. Eu já estive nessa situação e hoje e estou indo para Alemanha representar o Estado", destaca o estudante.

 

 

 

Projeto apresenta a realidade de refugiados

 

A primeira ideia de Ramon era falar sobre empreendedorismo jovem, mas o mentor disse não para o projeto. O estudante não desistiu, pensou em um novo projeto e enviou novamente para o professor alemão Christian Ernst, da ONG Zeitpfeil que aprovou a ideia de falar sobre refugiados. "Quando eu mandei eu pensei: 'ah! Não vai dar em nada, serviu de experiência', nunca imaginei que eles poderiam me chamar", lembra Ramon Luz.

O estudante vai desenvolver um documentário que apresenta realidades de refugiados jovens que vivem na Alemanha. A ideia é saber se os refugiados estão integrados à sociedade alemã. Para isso, Ramon vai entrevistar os refugiados e o governo alemão para saber o que eles entendem de integração. A proposta do projeto é identificar qual o espaço social que os refugiados ocupam. "Eu quero tentar entender com eles o espaço social no qual vivem agora. Esses refugiados não podem voltar para Síria, mas ao mesmo tempo, eles não se encaixam na cultura local da Alemanha", detalhou Ramon Luz. Os custos de hospedagem, alimentação e passagem foram cedidos pela fundação alemã.

Fonte: Folha Vitória





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