Peixes mortos começam a aparecer nas praias de Regência e Povoação; prefeito cancela Festa do Robalo

Peixes mortos começam a aparecer nas praias de Regência e Povoação um dia após a chegada da lama vinda das barragens da Samarco, na foz do Rio Doce. No encontro do rio com o mar, os animais, como os bagre-mandi, apareceram boiando, sem vida. Na região da foz, considerada área prioritária de proteção ambiental pelo governo federal, há espécies em risco. Com a maré cheia, como no início da tarde de ontem, o mar jogava de volta a mancha para o estuário, preocupando ambientalistas.

De acordo com o biólogo da Prefeitura de Linhares, Luciano Cabral, no percurso do rio não foram avistados peixes mortos, já na foz pode haver casos pontuais. "Mas é uma quantidade reduzida, por enquanto”, diz o biólogo. Ele diz que há possibilidade de que peixes de água doce, fugindo da lama, tenham buscado abrigo na foz. "Pode haver duas causas para a morte: por falta de oxigênio na água ou porque a lama fina adere às brânquias do peixe e as bloqueia. Nos dois casos, ele morre asfixiado”, conta Cabral.

 

O prefeito de Linhares, Nozinho Correa, diz que uma das principais preocupações é com a atividade pesqueira, que certamente será afetada. "Tem muita gente em Linhares que vive da pesca. Não sei como vamos fazer. Esperamos que a empresa Samarco tome providências e não apenas paliativos”, diz o prefeito.

Ele conta, ainda, que a festa do Robalo, tradicionalmente realizada em Povoação, foi cancelada: "Seria em dezembro ou janeiro. Mas cancelamos. Como vai fazer festa do robalo sem robalo?”. Na verdade, a festa seria o Festival de Bandas de Garagem que estava prevista para janeiro.

"Nosso interesse é que o fluxo (para o oceano) ocorra o quanto antes e o quanto maior for possível. Quanto mais esse material fica aqui, mais tempo ele tem para se decantar, o que é mais nocivo para o meio ambiente”, avalia o biólogo da prefeitura. (Com informações da Agência Globo | Foto: Cacau Fernandes/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)