Nesta quarta-feira, o pai de Kauã, Rainy Butkovsky, será ouvido pelo juiz. Em entrevista realizada na manhã desta terça-feira (09), Rainy revelou a expectativa para a primeira audiência do caso. "Nada vai suprir a dor da perda, mas espero que a partir de amanhã [quarta-feira, data da primeira audiência] o processo, de fato, comece a andar. O que todos sabem até hoje foi o que o Ministério Público divulgou: que Georgeval e Juliana se uniram para ceifar a vida das crianças em prol de aumentar a arrecadação de fieis e se promoverem em meio religioso. Não temos conhecimento das provas técnicas, dos laudos, espero que a partir desta audiência, tudo fique mais claro. Esperamos que a justiça seja feita", afirmou.
Rainy comentou ainda como será passar o primeiro Dia das Crianças na ausência do filho. "Meu sentimento é de muita tristeza, não só pela chegada do Dia das Crianças, mas porque, diariamente, ainda sinto um vazio na minha rotina. Cada dia estamos, toda a família, nos fortificando em Deus, para dar continuidade a vida, para amenizar a dor e nos sentir mais confortável. Ainda dói muito não saber o que aconteceu naquela noite do incêndio", finalizou.
Outras audiências
No dia 23 deste mês, será realizada a audiência de instrução no qual o casal Georgeval Alves e Juliana Sales serão ouvidos pelo magistrado, no Fórum de Linhares. Será a primeira vez que os acusados pelas mortes dos irmãos Kauã e Joaquim ficarão frente a frente com um juiz. Nesta audiência, que será fechada ao público devido ao sigilo do caso, serão ouvidas, ao todo, 15 testemunhas. Em todo o processo, segundo o Tribunal de Justiça do Espírito Santo, serão ouvidas 36 testemunhas.
Também serão realizadas audiências em São Mateus e em Governador Valadares, em Minas Gerais, município onde Juliana Sales, mãe dos irmãos, foi presa. As testemunhas serão ouvidas por 'carta precatória', um instrumento utilizado pela Justiça quando existem indivíduos em comarcas diferentes. É um pedido que um juiz envia a outro de outra comarca.
A audiência de instrução é a sessão na qual são produzidas grande parte das provas orais do processo. São ouvidas as partes (réus e acusação) e suas respectivas testemunhas.
Denúncia
A Justiça do Espírito Santo recebeu, no dia 18 de junho, a denúncia feita pelo Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça de Linhares, contra Georgeval Alves e Juliana Sales. O MPES também pediu a prisão preventiva deles, por prazo indeterminado, pelos crimes de duplo homicídio, estupros de vulneráveis e fraude processual. Georgeval responderá ainda pelo crime de tortura.
De acordo com o mandado de prisão expedido pelo juiz André Bijos Dadalto, da 1ª Vara Criminal de Linhares, ambos foram presos por homicídio qualificado. O advogado criminalista Rivelino Amaral disse que, com base no mandado, o Ministério Publico percebeu indícios de uma possível participação de Juliana Salles na morte dos filhos. Inicialmente, a Polícia Civil do Espírito Santo descartou qualquer participação de Juliana no caso.
O crime
O pai de Joaquim e padrasto de Kauã, Georgeval Alves, é suspeito de molestar, agredir e atear fogo nos meninos, que morreram carbonizados. Ele é marido de Juliana e foi preso dias depois do incêndio. A morte dos irmãos aconteceu em Linhares, Norte do Espírito Santo, na madrugada do dia 21 de abril. Na ocasião, a mãe das crianças estava em viagem para um congresso religioso em outra cidade. Na casa, os meninos estavam sob os cuidados de Georgeval.
Após o incêndio, os corpos carbonizados dos irmãos foram encaminhados para o Departamento Médico Legal (DML), em Vitória, onde foi necessária a realização de exames de DNA para identificação. Na segunda-feira seguinte ao incêndio, o pastor George e a esposa, Juliana Salles, mãe das crianças, estiveram no DML para o recolhimento de material para realizar os exames de DNA. Na ocasião, George relatou para a imprensa o que teria acontecido na noite do incêndio.
Juliana Sales foi presa no dia 20 de junho, na casa de um amigo da família, em Teófilo Otoni, Minas Gerais. Ela permanece em um presídio da cidade. Segundo a decisão da Justiça, Juliana sabia dos "supostos abusos sexuais” sofridos pelos filhos e ela, em parceria com o marido, Georgeval Alves, tinha planos de usar a morte das crianças como forma de ganhar notoriedade e ascensão religiosa.
Fonte: Folha Vitória