Obra da unidade de saúde 24 horas, no Shell, continua abandonada pela Prefeitura de Linhares

O que seria uma das soluções para reduzir o fluxo de atendimentos no Pronto Socorro do HGL está longe de virar realidade. E quem sofre é a população. O secretário de Saúde da Prefeitura de Linhares, José Roberto Macedo Fontes, prefere o silêncio. 

Mas o Governo do Estado garante: já enviou aos cofres da Prefeitura o montante de R$ 2 milhões para a construção da Unidade de Pronto Atendimento 24 horas – UPA – que está com as obras abandonadas. O valor orçado, em 2012, era de quase R$ 3 milhões.

No dia 15 de março de 2013, o então secretário de Obras, Amilck Costa, garantiu que a obra seria entregue em 270 dias. Já se passaram quase três anos e a construção continua do jeito que foi entregue em 2012. 

Nenhuma parede a mais foi levantada no local que não possui vigilância, e sob a ação do tempo, vários materiais de construção já foram furtados. A obra também virou ponto do tráfico e de usuários de drogas, além de prostituição, informa a Associação de Moradores.

"Isso é um descaso com a saúde publica”. Esta é a opinião da empacotadora Edriele Ferreira de Farias, de 20 anos, que mora no Pó do Shell. Ela já precisou de atendimento médico urgente e precisou ir para o HGL.  "Isso é vergonhoso. Depois de ter uma construção dessa perto de casa servindo para esconderijo de muitas coisas menos para atender a população”, reclama.

A dona de casa Genoveva Xavier, de 37 anos, mora na Avenida do Contorno. Ela tem uma filha de três meses que nasceu prematura e toda vez que vai para a Unidade de Saúde é encaminhada para o HGL porque nunca tem médico. "É um jogo de empurra, empurra”, diz. Ela se diz indignada com a obra parada. 

"Ouço dizer que chegou do governo federal milhões e milhões para Linhares,mas não entendo,Linhares tá tudo parado, a gente não vê nada. É o nosso dinheiro jogado fora”, complementa.

O Presidente da Associação de Moradores do bairro Shell, Antonio Carlos dos Santos, disse que já perdeu a conta das cobranças feitas à Prefeitura de Linhares solicitando a retomada da obra. Numa recente reunião onde o secretário José Roberto Macedo Fontes estava presente, a resposta dele foi que um novo processo de licitação seria aberto para que a obra pudesse ter continuidade. O mesmo que ele disse em 2014.

Enquanto isso não acontece, Antônio disse que o local é ocupado por traficantes e por usuários de drogas, e já virou ponto de prostituição. "Os moradores estão com medo. Ao dia existem dois policiais no local, mas, à noite a situação é complicada”.

O Presidente da Associação confirma que a maioria dos materiais de construção foi levada por ladrões. "Todas as telhas de amianto da obra, por exemplo, não existem mais. Tudo foi levado”, informou.

Em contato com o Governo do Estado, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), disse que monitora todas as obras de parceria com as prefeituras e já orientou o município fazer o replanilhamento da obra para a retomada da licitação. 

Somente após este processo é que o Governo irá repassar os R$ 875 mil que restam para a conclusão da obra, de acordo com o contrato assinado. "A Sesa já repassou mais de R$ 2 milhões para o município e o repasse do restante só poderá ser realizado após a retomada da execução da obra, pelo município”, destacou a Nota.

A Sesa esclareceu ainda que a Prefeitura é a responsável pelo andamento e pela licitação da obra, contratação da empreiteira e de profissionais e pelo funcionamento da Unidade.

O secretário municipal de Saúde, José Roberto Macedo Fontes, não quis falar com o Site de Linhares sobre o assunto. Mas, em agosto do ano passado, disse que a empresa responsável pela obra solicitou o replanilhamento dos preços do serviço e em seguida solicitou a rescisão contratual. 

"Uma análise da Procuradoria aponta para a necessidade de rescisão, etapa que está em andamento. Como trata-se de questão legal, ainda não há possibilidade de informação de prazos”, informou. A empresa que venceu o processo de licitação foi a Estrutural Construtora e Incorporadora Ltda. 

A nova unidade atenderia os casos de urgência, ou seja, pacientes com quadros agudos de dor e desconforto, que necessitam de assistência médica imediata. Os demais problemas de saúde não urgentes seriam verificados pelos médicos por meio de consultas agendadas, com antecedência, nas unidades básicas de saúde. 

O projeto arquitetônico da primeira unidade de saúde 24 horas do município está abandonado uma área de 1.676,11m², e abrigaria atendimentos médico, odontológico, pediátrico e de enfermagem; além de seis consultórios médicos. 

Contempla, ainda, posto policial e área para embarque e desembarque de ambulâncias. Assim que entregue, a UPA estará equipada para atender a pequenas e médias emergências e também pacientes graves, com capacidade para atender em média, 450 pacientes por dia.