Mais de 2 toneladas de peixes mortos recolhidos e pescadores de Regência pedem auxílio de R$ 1,8 mil

A Samarco informou que ainda não foi notificada sobre a indenização reivindicada pelos pescadores.

Mais de 2 toneladas de peixes mortos recolhidos e pescadores de Regência pedem auxílio de R$ 1,8 mil
A Federação das Colônias e Associações dos Pescadores e Aquicultores do Espírito Santo (Fecopes) entrou com pedido de liminar contra a Samarco para indenizar os pescadores que tiravam o sustento do Rio Doce e foram afetados pela lama das barragens da Samarco.

"O valor é de pelo menos um salário mínimo (R$ 788) para cada um dos profissionais. A lama acabou com a fauna marinha e os pescadores foram diretamente prejudicados. Pedimos que a Samarco deposite o valor em 30 dias a contar da distribuição da liminar, sob pena de pagamento de multa diária a ser fixada pelo juiz”, explicou o advogado Leonardo Amarante.

A Associação de Pescadores de Regência realizou uma reunião na noite de segunda-feira (23) com o mesmo propósito: exigir indenização pelos danos causados pela lama. Os pescadores irão pedir à Samarco um auxílio de R$ 1.800.

De acordo com o advogado da Associação, a indenização será destinada a 3.100 pescadores de Linhares, Colatina e Baixo Guandu. "Nosso pedido não é de apenas um salário mínimo, esse valor é apenas uma antecipação, uma tutela de emergência. A justiça irá decidir sobre o valor a ser pago”, esclareceu Amarante.
 
Várias espécies em extinção já foram encontradas na Foz do Rio Doce.
 
 
A Samarco informou que ainda não foi notificada sobre a indenização. A empresa reforçou que está em constante negociação com autoridades públicas competentes para tratar da melhor solução em relação às famílias atingidas que vivem às margens do Rio Doce.

Mais de 2 toneladas de peixes mortos

Mais de duas toneladas de peixes mortos já foram recolhidos ao longo do leito do Rio Doce no Estado, segundo o Ibama, até esta terça-feira (24). Somente na foz, foram recolhidos mais de 800 animais. Quem está fazendo esse serviço são terceirizados de uma empresa contratada pela Samarco. Os funcionários saem em barcos todos os dias, ainda de madrugada, para recolher os animais que não resistiram à presença da lama. Eles contaram que precisam usar máscaras, por causa do mau cheiro.

Segundo o superintendente do Ibama, Guanadir Gonçalves, o órgão está monitorando o serviço. Os animais mortos estão sendo levados para um aterro sanitário em Aracruz.

Extinção

Cinco espécies de peixes do Rio Doce podem ter sido extintas com a passagem da lama proveniente da barragem da Samarco, em Minas Gerais. O alerta foi feito pelo analista ambiental do Ibama, Jacques Passamani. O peixe mais procurado pelos ambientalistas era o surubim do Doce, que não foi encontrado pelas equipes.

De acordo com Passamani, as ações de remoção da fauna aquática do Rio Doce priorizaram as espécies endêmicas, que são aquelas que só existem em determinada região, e as que eram consideradas em extinção. O analista ambiental contou que 11 espécies que corriam risco de serem extintas foram procuradas ao longo do rio, mas somente seis foram encontradas. Os demais peixes podem ter desaparecido para sempre.

O analista do Ibama ressaltou que é preciso haver estudos para identificar se as espécies foram realmente dizimadas ou se ainda existem em lagoas da região do Rio Doce. Caso os peixes tenham sido extintos, Passamani destacou a necessidade de se fazer análises que identifiquem se os peixes foram extintos antes ou depois da passagem da lama.
 
Um especialista em aves foi exigido a Justiça Federal para realizar estudos em Regência.
 
 
Outra preocupação frisada pelo profissional do Ibama foi com as aves e com os camarões da região da foz do Rio Doce. Na audiência, ele relatou que foram encontradas mortos dois pássaros que vão ao local para se alimentar dos peixes. O analista ambiental considerou que é preciso identificar a causa da morte desses animais e solicitou ao juiz federal Rodrigo Reiff Botelho, que conduzia a audiência pública, que a Samarco disponibilize um especialista em aves para trabalhar na região de Regência, em Linhares.
 
As fotos são da ONG Últimos Refúgios.





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