Justiça autoriza que pastora seja transferida para presídio no ES

Juliana Sales, mãe dos meninos Kauã e Joaquim, está presa em Minas Gerais. Ela foi detida por omissão no caso da morte dos filhos.

Justiça autoriza que pastora seja transferida para presídio no ES
Justiça autorizou a transferência da pastora Juliana Sales, que está detida em Minas Gerais, para algum presídio no Espírito Santo. A informação foi passada pela Secretaria de Estado de Justiça (Sejus) nesta segunda-feira (9). Entretanto, ainda não há uma data definida para isso. Os advogados da pastora disseram que não têm informações sobre essa transferência. Juliana é mãe dos irmãos Kauã e Joaquim, de 6 e 3 anos, que morreram carbonizados em um incêndio no centro de Linhares, no dia 21 de abril. Para a polícia, o pastor George Alves, padrasto de Kauã e pai de Joaquim, foi responsável pelas mortes. Ele foi preso no dia 28 de abril.

A pastora, que é esposa de George, foi presa por omissão no caso da morte dos filhos, no dia 20 de junho. Ela estava na casa de um amigo da família, em Teófilo Otoni. No dia do incêndio, a mãe disse que estava em um congresso também em Minas Gerais com o filho mais novo do casal.
Segundo a decisão da Justiça, Juliana sabia dos "supostos abusos sexuais” sofridos pelos meninos e ela e o marido tinham planos de usar a morte das crianças como forma de ganhar notoriedade e ascensão religiosa.

"O pastor George, em parceria com a pastora Juliana, buscava uma ascensão religiosa e aumento expressivo de arrecadação de valores por fiéis e, para esta finalidade, ceifou a vida dos menores Kauã e Joaquim para se utilizar da tragédia em seu favor”, diz a decisão. Em defesa, a advogada dos pastores, Milena Freire, disse que as mensagens de celular usadas pelo Ministério Público Estadual (MP-ES) para embasar o pedido de prisão preventiva do casal, foram retiradas de contexto, "causando uma distorção de informações”.

A defesa dos pastores também alega que eles são vítima de uma tragédia e que a acusação usa a mídia para criar uma culpa inexistente. O filho mais novo dos pastores, uma criança de dois anos, foi entregue ao avô materno depois da prisão dos pais. Ele estava com a mãe no momento da prisão e chegou a ficar no Conselho Tutelar.

Pastor estuprou e matou crianças

A perícia apontou que o acusado estuprou as crianças, agrediu e colocou fogo nelas ainda vivas. Inicialmente, o pastor George Alves, que estava sozinho em casa com os meninos, disse que eles morreram em um incêndio que atingiu apenas o quarto onde as vítimas dormiam. Na primeira entrevista à imprensa, ele chorou e disse que tentou salvar as crianças. Mas, segundo a polícia, a versão dele não estava de acordo com os fatos apurados durante as investigações.

'Meu filho chamava aquele monstro de pai'

Para o pai do menino Kauã, Rainy Butkovsky, ainda é um choque pensar em toda a história que ronda a morte do filho e do irmão mais novo do menino, Joaquim. "Meu filho chamava aquele monstro de pai. Ele me chamava de 'papai Rainy', mas também chamava o monstro de pai, a mãe ensinava. Eu não queria, não aceitei, mas tive que abaixar a cabeça para muitas coisas para conseguir ter um convívio com meu filho. Esse cara nunca foi pai, nem do próprio filho dele, nunca mereceu ser pai", falou.

Rainy contou que ficou casado com Juliana durante três anos e que ela engravidou logo no início do relacionamento. Após o fim da relação, ela se mudou para São Paulo com Kauã, onde conheceu George. "A Juliana afastou o Kauã da gente quando eu comecei a cuidar do restaurante que eu tenho, que eu tive mais dificuldade de ir pra Linhares, e a Juliana falava que o meu filho não queria ir ficar comigo, mas ele sempre gostava. Uns 15 dias antes de matarem meu filho, eu fui em um feriado pra Linhares, peguei ele e fiquei com ele em um hotel. O Kauã não demonstrou nada de diferente. Foram dias tão agradáveis, parecia que era a despedida", disse.

Rainy explicou que o filho nunca se queixou de qualquer tratamento por parte de George e não desconfiava do envolvimento dele nas mortes, mas que um dia antes da prisão do pastor, uma situação chamou a atenção dele. "Eles foram ao meu restaurante, almoçaram lá, fizeram uma oração pela minha família, pelo restaurante. Eu não conseguia ver, mas minha mãe disse 'poxa, eles oraram pelo restaurante, mas em nenhum momento tocaram no nome daqueles dois anjos. Não pedia para confortar os nossos corações'. Eles estavam vivendo a mentira desde o começo. Nenhuma lei, nenhuma punição, nenhuma sentença seria para o tamanho da barbaridade que esses dois fizeram", desabafou.





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