Grávida recebe implante de marca-passo em procedimento inédito em Linhares

Os médicos disseram que a estudante sofre de um tipo raro de arritmia cardíaca conhecida como BAVT congênito, que só apresentou sintomas agora

Grávida recebe implante de marca-passo em procedimento inédito em Linhares
Um procedimento cardiológico inédito no Espírito Santo foi realizado por uma equipe médica, composta por seis profissionais de cardiologia, do Hospital Rio Doce. O procedimento aconteceu no último dia 20, onde um marca-passo foi implantado em uma grávida de nove semanas. De acordo com o hospital, o implante foi realizado usando o aparelho de ecocardiograma, em vez do raio x, método habitual usado para guiar os eletrodos até o coração do paciente. O procedimento, que normalmente dura em média de 40 minutos a 1 hora, foi feito em aproximadamente 2 horas. O método é inédito no Estado e foi poucas vezes realizado no Brasil, segundo dados do Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese de São Paulo.

Segundo os médicos, grávida de seu segundo filho, a estudante Lavínia Machado da Silva, de 19 anos, sofre de um tipo raro de arritmia cardíaca conhecida como BAVT congênito, que só apresentou sintomas agora. A doença deixa a frequência cardíaca muito baixa, incompatível com a vida da paciente e a segurança da gestação. "Nunca senti nada, e de repente, comecei ter desmaios, sem nenhum motivo aparente”, disse Lavínia. 

Todo atendimento à paciente foi feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O cirurgião cardiovascular Gabriel Cremasco Scardini explicou que gestantes no primeiro trimestre de gravidez não podem ter contato com radiação, por isso não seria possível colocar o marca-passo de maneira convencional, usando o raio x. 

"A preocupação de toda equipe era com o bebê, por ser uma gestação no início, por isso optamos por utilizar o apoio do ecocardiograma, usado para fazer ultrassonografia do coração, em vez do raio x. Teoricamente colocar um marca-passo é um procedimento simples, porém nesse caso, sem o apoio do raio x, o caminho dos eletrodos até o coração é feito às ‘cegas’, uma vez que o eletrocardiograma não emite imagens tão nítidas”, esclareceu Scardini.

O cardiologista Flávio de Almeida Rosa salientou que o procedimento segue diretrizes internacionais. "Apesar de nova, toda essa conduta realizada na paciente é altamente recomendada por diretrizes internacionais, sendo possível realizar no Hospital Rio Doce, um hospital do interior, assim como acontece nos grandes centros. Para todos nós é motivo de alegria poder ter atendido um caso desse aqui no norte do estado, isso para nós é motivo de muito orgulho”, enfatizou o médico.

Lavínia teve alta hospitalar no dia seguinte ao implante e passa bem, segundo Scardini. "Vida normal. Agora o coração dela está batendo no ritmo adequado e o feto não vai ter nenhum problema de receber sangue”, destacou.  O médico disse ainda que Lavínia só terá que voltar ao cardiologista mensalmente para fazer o controle do marca-passo. Além do cirurgião cardiovascular e do cardiologista, também participaram da cirurgia os médicos Alberto de Paula, Petherson Grativvol e Katiuska Massucatti Grativvol.

O que é marca-passo
De acordo com os médicos, marca-passo é um aparelho responsável por enviar impulsos elétricos aos músculos do coração, tendo em vista a necessidade de regularização das pulsações cardíacas, em pacientes com algum tipo de arritmia cardíaca. Para o implante do marca-passo usa-se o aparelho de raio x, o mesmo possibilita a visualização dos eletrodos introduzidos no coração, que também são de metal e aparecem no raio x, permitindo assim a visualização do caminho percorrido pelos eletrodos.





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