Estudo vai identificar impactos sobre a fauna e flora após rompimento de barragem de Mariana

Executado pela empresa Bicho do Mato Meio Ambiente, o monitoramento envolve cerca de 200 profissionais e será dividido em campanhas semestrais que poderão se estender por até dez anos.

Estudo vai identificar impactos sobre a fauna e flora após rompimento de barragem de Mariana
A Fundação Renova iniciou o monitoramento da fauna e da flora terrestres de toda a bacia do rio Doce em mais um esforço para identificar, descrever e reparar os impactos provocados pelos rejeitos da barragem de Fundão, em Mariana (MG). O trabalho vai coletar dados de organismos diversos, que vão de invertebrados – como minhocas e abelhas – a mamíferos de grande porte, como antas e onças, incluindo animais relacionados a ambientes aquáticos, como cágados e jacarés, e as plantas.

Executado pela empresa Bicho do Mato Meio Ambiente, o monitoramento envolve cerca de 200 profissionais e será dividido em campanhas semestrais que poderão se estender por até dez anos. Os pesquisadores utilizarão o método Rapeld, que permite colher amostras de forma adequada das comunidades biológicas em áreas extensas, ao mesmo tempo em que diminui a variação de fatores, como temperatura e umidade, que afetam essas comunidades. É a primeira vez que a metodologia está sendo usada em larga escala na bacia do rio Doce.

Além de avaliar a estrutura, a composição e a abundância de espécies da fauna e flora, o monitoramento também vai detectar os níveis de metais residuais em vertebrados e invertebrados, na flora terrestre, nas ilhas fluviais e no solo ao longo do rio Doce. O estudo ainda vai mapear o uso e a ocupação da terra, ajudando a identificar a distribuição e situação dos remanescentes florestais nesta área.

Para o responsável pelas ações de Biodiversidade da Fundação Renova, Bruno Pimenta, a análise pode ajudar na restauração florestal. Por meio da coleta de dados, será possível definir as áreas para a recomposição de matas.

Outro dado importante desse monitoramento é a interligação com o monitoramento aquático. "É necessário que os dados sejam vistos de forma integrada depois de algum tempo de coleta de informações. No momento, vemos como principal interface a correlação entre a estrutura das florestas e a qualidade dos solos e das águas, pois são fatores interligados. A condição dos solos é, em grande parte, determinada pelo estado de conservação da vegetação. Já a qualidade da água é muito influenciada pelos solos. Essa água escoa para o mar, então, é interessante conseguirmos traçar relações entre esses diversos fatores para entendermos a evolução da qualidade dos ambientes nestes diversos compartimentos”, disse Bruno Pimenta.

Monitoramento da biodiversidade aquática

Em junho, a Fundação Renova assinou um acordo de cooperação com a Fundação Espírito-Santense de Tecnologia (Fest) para monitorar a biodiversidade em cerca de 200 pontos em toda a porção capixaba do rio Doce e da região que vai do entorno de sua foz, em Regência, até Guarapari (ES), ao sul, e Porto Seguro (BA), ao norte. Serão estudados de bactérias a baleias, além de qualidade da água, sedimentos, condições de marés e ondas, manguezais e restingas. O estudo será conduzido por pesquisadores de mais de 24 instituições de pesquisa de todo o país.

O acordo de cooperação será executado por 16 meses, período relativo à primeira etapa do programa de monitoramento, previsto para durar cinco anos. Serão feitas análises da concentração de contaminantes em diversos organismos, entre eles peixes e camarões. Os resultados do estudo ajudarão a mensurar os impactos do rejeito da barragem de Fundão sobre o ambiente e poderão dar subsídios para a tomada de decisão sobre a sanidade do pescado e indicar eventuais medidas reparatórias.




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