Captação particular de água na Lagoa Juparanã gera protesto de moradores em Sooretama

Manifestação aconteceu em Patrimônio da Lagoa. Produtor rural pretende usar Lagoa Juparanã para irrigação de café.

Captação particular de água na Lagoa Juparanã gera protesto de moradores em Sooretama

Moradores da comunidade de Patrimônio da Lagoa, distrito de Sooretama, protestaram durante a tarde da última sexta-feira (29) contra uma obra particular de captação de água da Lagoa Juparanã, que corta os municípios de Linhares, Rio Bananal e Sooretama. O pescador Renato Meireles explicou que a região enfrenta uma situação de seca e por isso a população se revoltou.

"O pessoal se revoltou contra isso aqui. A nossa lagoa virou uma bacia, não tem mais rio passando dentro dela. O Rio São José morreu, o córrego que tinha aqui morreu também, a gente está com medo de que a nossa lagoa acabe”, falou. A lagoa é a maior do Brasil em volume de água e a segunda maior em extensão, mas tem recuado cada dia mais devido ao longo período de estiagem.

A preocupação é que a obra acelere o processo de recuo da lagoa. "Eu não concordo com a retirada da água dessa lagoa. Ela tá secando de 60 cm a 70 cm por mês”, estimou o pescador Castilho Gama. Desde o início de abril, tubulações têm sido colocadas na rua para captar a água da Lagoa Juparanã.

Produtor diz ter licenças

A obra particular é do cafeicultor Max Prezotti. Ela passa pela avenida principal do distrito deixando muitos moradores insatisfeitos. Eles colocaram fogo em pneus durante a manifestação desta sexta-feira. O produtor rural alega ter licença de todos os órgãos competentes para a obra, que garante a irrigação das plantações de café em sua propriedade. Os órgãos são Instituto Estadual de Meio Ambiente (IEMA), Agência Estadual de Recursos Hídricos (AGERH), Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (IDAF) e Secretaria Municipal de Obras, para fazer a retirada e recolocação do calçamento.

"Essa é uma obra de captação de água para transposição de vazão, para jogar a água da Lagoa Juparanã em outra represa para dali usar na irrigação do café. A minha permissão de captação é de 100 mil litros, mas a minha intenção é utilizar apenas 30 mil litros de água por dia, no horário noturno, só para salvar mesmo a lavoura”, explicou.

Mas os moradores não concordaram com esta situação. "Está dando para ver a areia no fundo da lagoa. Eu queria saber o que vale mais, se são seres humanos ou roça de café. Eu entendo que eles estão sem água também, mas primeiramente os seres humanos”, criticou a funcionária pública Elizalete Alves.

Órgão e Prefeitura se manifestam

A AGERH informou, em nota, que o produtor possui o direito de uso da água da Lagoa Juparanã, mas não autorizou obras em área de preservação permanente, pois essa autorização deve ser feita pelos órgãos ambientais. Nesse caso, o Iema prometeu enviar uma equipe até o local para fazer a vistoria dessa obra.

O secretário de Obras de Sooretama, Mário Kuboyama, disse ter permitido que o produtor passasse as tubulações pelas vias públicas, desde que ele refaça o calçamento. Fonte: G1/ES.





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